A partir daqui, vamos abordar o uso de aplicações de Inteligência Artificial focadas em compreender, processar e gerar linguagem humana. O NLP (“Processamento de Linguagem Natural” na tradução livre) é o ramo da Inteligência Artificial que abarca a interação entre seres humanos e máquinas por meio de linguagem natural. Já a IA Generativa é uma técnica que permite a geração de textos, fotos, vídeos e até música com base em grandes modelos de linguagem (LLM – Large Language Models).
Até recentemente, a NLP estava restrita a chatbots que apresentavam limitações nos processos de compreensão dos comandos humanos (NLU – Natural-language understanding) e na geração de respostas (NLG – Natural-language generation), tais como Alexa, Siri e Google Assistant.
O diferencial das novas ferramentas como o ChatGPT é a utilização de uma arquitetura de aprendizagem profunda (Deep Learning) baseada em “Transformers”, tecnologia desenvolvida pelo Google em 2017. O ChatGPT é nada mais que um chatbot baseado na tecnologia GPT (Generative Pre-trained Transformer). O GPT foi desenvolvido pela OpenAI, uma organização sem fins lucrativos cujo objetivo é popularizar o uso da Inteligência Artificial. O GPT também é o motor do DALL-E, ferramenta de IA que gera imagens sintéticas a partir de comandos de texto.
Para se ter uma ideia, o GPT-3 (lançado em 11 de julho de 2020) possui 175 bilhões de parâmetros de aprendizado de máquina.. Em comparação, o GPT-4, lançado em 14 de março de 2023, conta com 100 trilhões de parâmetros de aprendizado. Além disso, a versão mais recente agregou novas funcionalidades como a capacidade de compreender imagens, processar textos de até 25 mil palavras e possui maior preocupação com vieses e preconceitos. Atualmente, o GPT-4 está disponível apenas para assinantes do plano PLUS ao custo de 20 dólares mensais. O acesso gratuito dá direito apenas a versão 3.5 do GPT.
Na área da ciência de dados, a NLP pode atuar na estruturação de dados não-estruturados, enriquecendo as informações de bancos de dados a serem analisados pela Inteligência Artificial. Já a IA Generativa, ajudaria a romper a “síndrome da página branca”, constituindo-se como um framework para que a produção intelectual não parta do zero.
A IA Generativa impõe uma mudança nas habilidades fundamentais para o mundo profissional, sendo a metacognição uma delas. A capacidade de fazer boas perguntas (prompt) e de interpretar respostas pode vir a ser uma tendência num mundo com forte presença da IA Generativa, promovendo até mesmo o aparecimento de novas profissões com o “Engenheiro de Prompt”.
Embora ainda não se conheçam os limites do potencial do ChatGPT e de outras ferramentas de modelo de linguagem, os primeiros experimentos indicam que será necessário saber interagir com esses sistemas de inteligência artificial (IA) para obter resultados satisfatórios. As novas aptidões moldariam uma profissão do futuro: o engenheiro de prompt. Nessa abordagem, prompt é a linha de comando na qual se digita, em texto corrente, a pergunta que o computador vai responder (STEIW, 2023).
REFERÊNCIAS:
Arthur William Cardoso Santos é doutorando em Saúde Pública na ENSP/FIOCRUZ, com orientação do Prof. Dr. Carlos Gadelha, onde pesquisa o subsistema de informação e conectividade do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), além de compartilhar os dados sobre o desenvolvimento de Inteligência Artificial em Saúde no site https://iasaudepublica.com.br dentro de uma ação de ciência aberta. Cursa ainda a pós-graduação de Ciência de Dados/Analytics na PUC-Rio, além de integrar o GT de Inteligência Artificial (IA) da SET. É pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE) e do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz). Fez cursos presenciais em Harvard e Stanford sobre Inovação em parceria com o LASPAU e o Lemann Center, respectivamente. É mestre em Educação, Cultura e Comunicação (UERJ), pós-graduado no MBA de TV Digital, Radiodifusão e Novas Mídias de Comunicação Eletrônica (UFF), graduado em Comunicação Social / Jornalismo (PUC-Rio) e técnico em eletrônica (CEFET-RJ). Foi gerente executivo de Produção, Aquisição e Parcerias na EBC, além de gerenciar o setor de Criação de Conteúdos e coordenar as Redes Sociais da TV Brasil. Liderou também a área de Inovação/Novos Negócios na TV Escola. Atuou ainda na criação do Canal Educação e do Canal LIBRAS para o Ministério da Educação (MEC). Deu aulas em cursos de graduação e pós-graduação nas universidades UniCarioca, Unigranrio, FACHA, INFNET e CEFOJOR (Angola), além de integrar o conselho consultivo do Ministério das Comunicações para a escolha do padrão tecnológico do Rádio Digital no Brasil.